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Foto do escritorGabriel Fernandes de Oliveira

Desenhos animados e Psicanálise: One Piece

Atualizado: 3 de abr.

O maior desafio que vejo em escrever sobre psicanálise em relação a histórias é manter o tom de sinopse, sem entregar grandes spoilers. Falar de One Piece é particularmente desafiador nesse sentido, já que é uma obra que tem 26 anos e ainda não terminou.


Sou fã de tal forma que entendo que falar dessa produção pode ser um serviço de utilidade pública (sic) por isso vou me entregar a esse desafio mas sem muito medo de dar spoilers, já que alguns pontos da história estão sendo revelados só agora e ajudam na compreensão do que quero transmitir.

Desenhos animados e Psicanálise


É a primeira vez que trago um tema do tipo, então acho justo comentar um pouco sobre. A Psicanálise já se mostrou uma ferramenta de leitura e interpretação de produções artísticas, especialmente do cinema¹. A diferença de analisar desenhos talvez se concentre no ponto que tange a referência da realidade.


Mesmo quando os filmes trazem o elemento da fantasia e da ficção científica, são encenados por pessoas reais. A cena que assistimos no filme realmente aconteceu, aquelas pessoas ali interagiram, estavam ali, fizeram o que fizeram e falaram o que falaram, ainda que amparados por efeitos especiais e guiados por uma direção de filmagem e roteiro. Nas animações, o referente está todo na produção visual de alguém. Eiichiro Oda criou os personagens, o mundo, a história e a própria realidade narrativa das cenas. Ele pode ter se inspirado em lugares reais e pessoas reais, mas tudo que assistimos passa pelo crivo dele e nos é transmitido artisticamente por imagens desenhadas e sons.


Parece uma diferença sutil e boba, mas se você quer colocar uma baleia gigante do tamanho de uma ilha na sua história (Laboon), desenhá-la e animá-la pode ser muito mais viável que mobilizar uma quantidade absurda de recursos pra reproduzir seu aparecimento na história de modo que aproxime a imagem da realidade. Ainda que você consiga reproduzir efeitos especiais de ponta, pode não ser tão convincente. Acredito que isso contribua para que nos desenhos animados as histórias expressem mais liberdade criativa dos seus autores do que em produções audiovisuais realistas. Os significantes se deslocam com mais liberdade pra produzir os textos narrativos, permitindo uma associação mais livre e consequentemente mais expressividade do autor. O mundo de fantasia se assemelha quase a experiência de um sonho, onde o absurdo e as contradições coexistem em contraste com o mundo fora do sonho.


Quando você pode inventar a realidade que você quiser cria-se um distanciamento do Real que permite um lugar menos defensivo pra se relacionar com a história. Isso é o que torna animações ferramentas excelentes pra falar de temas difíceis com diversos públicos. Não é atoa que culturalmente estamos acostumados com animações feitas para o público livre, seja especificamente pra crianças seja para público geral. (A Pixar e a Warner sabem bem disso). Como trazer para o debate no processo educativo de uma sociedade, desde cedo, temas como violência, guerra, luto, racismo, fome, abuso de poder, abandono parental e injustiça? Acho que o criador de One Piece tem bons palpites sobre isso.


Por que falar de One Piece?


One Piece foi publicado inicialmente em 1997 como Mangá, uma história em quadrinhos tradicional japonesa em preto e branco e transmitido como animação a partir de 1999. Ambas produções seguem até hoje numa frequência semanal com pausa pra férias e feriados.


Recentemente (31/08/2023) a Netflix produziu um live action da primeira temporada de One Piece, o que significa reproduzir a história desenhada com personagens e cenários reais. Muita gente se permitiu ter contato com a obra a partir disso, e mesmo enxergando os limites que um live action tem pra contar essa história, tive que reconhecer seu potencial em torná-la acessível. E é nesse espírito que escrevo esse texto, o de tornar essa obra mais acessível e talvez até despertar algum interesse em conhecê-la.


Diferente de outros estilos de animação one piece não é restrito a prazos ou regido pela pressa de acabar. É uma história que sustenta um mistério que envolve todos personagens há quase 3 décadas. 'Foi a série de mangá mais vendida pelo décimo primeiro ano consecutivo em 2018. One Piece é uma das franquias de mídia com maior bilheteria de todos os tempos, estima-se que tenha gerado mais de 21 bilhões de dólares em receita total de franquia, a partir de mangás, animes e filmes, jogos e mercadorias'. Produzir uma história que se comunique com tanta gente por tanto tempo não é pouco.


A história de One Piece


Fazendo o resumo do resumo² da história, a narrativa é focada em Luffy um menino que após comer uma fruta que impede o usuário de nadar no mar, recebe no seu corpo as propriedades de uma borracha e tem como seu sonho encontrar o maior tesouro do mundo e assim se tornar o rei dos piratas. Para isso, ele sozinho pega uma pequena balsa e se lança ao mar a fim de recrutar uma tripulação e conseguir um navio para chegar até esse tesouro, o One Piece.


Nesse universo há um governo mundial que controla a marinha, força militar responsável por encontrar e punir os piratas enquanto tais piratas disputam entre si para encontrar esse tesouro. Ao longo da história vamos percebendo como há corrupção e abuso de poder na marinha, ao mesmo tempo em que todos buscam mais poder pra sobreviver nessa guerra violenta. Na sociologia de One Piece o governo mundial foca em proteger os 1% mais ricos e negligencia o restante da população que fica vulnerável a todos os perigos oriundos dessa guerra. Via de regra, de ilha em ilha, Luffy se alia as minorias exploradas e confronta os exploradores que abusam do poder, sejam oficiais da marinha, piratas, políticos ou a realeza local.


A ideia de ser o Rei dos piratas vai sendo construída como a possibilidade de não se submeter ao poder de ninguém, posição na qual poderá ser a pessoa mais livre do mundo. De alguma maneira ele cria essa liberdade em todo lugar onde há pessoas que estão sendo privadas dela, confrontando quem concentra o poder.


Cada membro da tripulação do Luffy tem seu próprio sonho e todos se unem para apoiar o sonho do outro. Os personagens ao longo da obra são cativantes de uma maneira peculiar, quanto mais você os conhece, mais quer conhecer. Acredito que esse efeito se deva ao fato de que Oda evita idealizar eles como pessoas irreais, mostrando suas vulnerabilidades, fraquezas, falhas, vícios, enfim, tudo que faz deles humanos, gente como a gente. Esses elementos são retratados com muito humor, sem receio algum de mostrar o ridículo de cada personagem os mantendo incluídos, valorizados dignos de apreço, reconhecimento e amor.


Como o mundo de One Piece retrata um mundo em guerra, nos deparamos com os horrores e tragédias da guerra. Oda consegue retratar a pior parte das pessoas, crueldade, abuso, escravidão e violência de forma envolvente, nos chamando para o lugar de revolta e tristeza com o que acontece. Ao mesmo tempo nos faz torcer para que os protagonistas ocupem o lugar de heróis e salvadores, não apenas pelos seus superpoderes, mas por estarem determinados a enfrentar injustiças colocando a vida em risco mesmo quando seu poder não parece o suficiente. A conhecida jornada do herói que é utilizada em super produções como os filmes da Marvel, mas com um toque ético muito característico do Luffy, que cultiva a ideia que todas pessoas devem ser livres.


Em 26 anos muita coisa muda. Desde os primeiros capítulos Oda se mostrou capaz de produzir personagens únicos e diferentes entre si, tanto com relação a aparência física, quanto roupas, personalidade e história. Até personagens secundários e coadjuvantes tem suas motivações e estilos retratados, ainda que de forma mais superficial e caricata. Mas com o tempo, Oda foi adquirindo certo letramento em diversidade, seja resgatando a identidade étnica de alguns personagens que antes parecia meio apagada, ou inserindo personagens transexuais, queer e drag queens com histórias mais robustas na narrativa. Ainda falta avançar em alguns debates sobre gordofobia e objetificação do corpo feminino, mas em comparação com outros animes, há um avanço nítido no debate das diferenças.


Os valores retratados na obra refletem os valores do seu autor e Oda tem conseguido nos fazer refletir sobre os horrores da desigualdade social, injustiça e violência do mundo enquanto nos cativa com personagens que, ainda que desenhados e fantasiosos, mostram uma humanidade profundamente vulnerável, carregando consigo sua história, suas questões e mobilizando elas na direção de seus sonhos.


Tá, mas e a Psicanálise?


Segundo Lacan, a psicanálise é uma ética³ a respeito da atitude radical de não ceder seu desejo. A construção dos personagens de One Piece exemplificam essa atitude ética com maestria, principalmente o personagem principal. Só esse ponto já traz uma riqueza na história do Luffy que se vê em torno de dilemas éticos e sustenta seu desejo. Sustentar o desejo não é algo que se faz apesar de qualquer coisa, mas justamente no exercício ético e reflexivo da relação com os outros.


Enquanto escrevo esse texto, o ultimo mangá lançado de One Piece foi o de numero 1092 e o último episódio do anime foi o 1075. O número de situações conflituosas, controversas e antagônicas entre o desejo de um e o desejo de outro é considerável ao longo da história, mas vou deixar aqui só a título de menção.


Hoje acredito que carecemos de histórias que são construídas sem pressa, sem a pressão de prazos pra trabalhar uma narrativa e suas personagens. One Piece não tem esse apego ao tempo cronológico, Oda escreve como se tivesse todo tempo do mundo pra construir o centro narrativo canônico na história, mas também colocar piadas, brincadeiras e outros trechos 'bobos' que dão um ritmo vivo pra série.


Essa experiência temporal pode trazer uma sensação de que a história está enrolada. Uma história produzida há 26 anos sem pressa pra acabar faz uma bela antítese com histórias cada vez mais curtas e rápidas que caracterizam o modo de consumo virtual.


Objeto a e o one piece


Quero seguir com o exercício teórico de aproximar o conceito do objeto a com o one piece o maior tesouro do mundo que, há 26 anos todos os piratas desse universo procuram mas ninguém sabe o que é. Vou tomar mais como uma brincadeira do que como um desafio, até porque os conceitos da psicanálise foram criados pra sustentar a clínica psicanalítica, que por sua vez sustenta os conceitos e não pra aplicar em personagens e histórias fictícias (embora seja bem divertido).


O que sabemos sobre o one piece? a tradução de one piece pode ter tanto o sentido de peça única, como de um pedaço. Quando o antigo rei dos piratas estava prestes a ser executado, perguntaram a ele se ele tinha encontrado o one piece, e suas ultimas palavras foram:


HAHAHAHA Minhas riquezas e tesouros? Se vocês o quiserem, eu os deixo pegar. Procurem por ele, deixei tudo naquele lugar! (Gol D. Roger)

A partir disso se iniciou a era dos piratas, pessoas foram em direção ao mar atrás do One Piece. Aqui temos uma similaridade com o objeto a que é ser causa do desejo. A suposta existência do one piece institui uma falta que leva ao movimento para preencher essa falta, num lugar onde ela nunca é preenchida, considerando que ninguém encontrou o one piece mas continuam buscando, ele continua causando o desejo. O desejo sempre é desejo do desejo do Outro, o one piece ocupa um lugar fálico aqui, ele é aquilo que falta ao Outro, que o outro deseja, assim eu também desejo ter isso que o Outro deseja.


A história da humanidade é a história dos desejos desejados. Se o desejo vem do Outro, podemos desejar só a partir do desejo do Outro. Hoje desejamos a partir de um 'fluxo' de desejos que vieram dos nossos ascendentes e passaremos aos nossos descendentes. O one piece, de alguma forma, pôde criar um fluxo a partir da fala do rei dos piratas. Ainda que ninguém saiba na realidade o que é, sabem que é desejável e isso é suficiente pra instaurar uma falta. Dando um tratamento imaginário ao one piece, temos a ideia de unidade e concretude. A imagem do dinheiro, da fama e do poder do Rei dos piratas como a certeza de conquista ao conseguir o one piece. Como ninguém sabe exatamente o que é o one piece cada um imagina que seja exatamente aquilo que quer. E essa imagem tem caráter imaginário, pois tenta dar consistência ao um objeto diante do não saber.


Dando um tratamento simbólico, temos os significantes que apontam para o one piece e que permitem que cada pessoa interprete ele de uma maneira. O Rei dos piratas ri ao falar, isso pode trazer a ideia de que é algo que faz rir, mas o que é que faz uma pessoa dessas rir no leito de morte? Ele fala sobre suas riquezas, mas o que ele considera uma riqueza? O que ele considera um tesouro? Para o Luffy, seu maior tesouro é seu chapéu de palha, então se ele deixasse seu maior tesouro num lugar, as pessoas encontrariam um chapéu de palha como sendo o one piece.


Dando um tratamento real, supomos que o one piece existe na história. E tudo que sabemos até agora é que quando o Rei dos piratas o encontrou, teve uma crise de riso junto com toda sua tripulação. Tudo que não foi dito sobre o one piece corresponde ao registro real. É justamente na falta de sentido do one piece que causa esse desejo por encontrá-lo e dar sentido a ele.


Assim como o objeto a, poderíamos tratar o one piece como um objeto fálico que tem uma correspondência nos três registros, imaginário, simbólico e real. O objeto a fica sempre num lugar inalcançável, de modo que quando você acha que alcançou ele já foi para outro lugar, deslocou, se tornou outra coisa. Oda sustenta o lugar inalcançável do one piece há 26 anos, talvez quando soubermos o que é, isso mude a relação com ele, de modo que perca qualquer semelhança com o objeto a, mas até então ele parece servir como objeto a.


Poderíamos dizer que o objeto a assume a imagem do one piece, como essa ideia de algo concreto e possível de ser alcançado, é como se o one piece fosse a face imaginária do objeto a. Se for possível afirmar que cada pirata está atrás do seu próprio one piece, do que imagina ser esse grande tesouro inalcançável, acho possível fazer essa aproximação.


Pra além do objeto que o one piece se refere, há os elementos secundários que estão implícitos ou semi-ditos, por exemplo a própria aventura que envolve a busca do One Piece. Dizer que quer encontrar o one piece, é dizer que quer buscar o one piece, e essa busca envolve navegar, ter uma tripulação, correr o risco de passar a vida inteira em alto mar. Vida que pode ser muito curta dado todos os perigos que essa jornada envolve.


Objeto a e a dialética do desejo


Quando conseguimos dar um contorno pro objeto a, não se trata mais do objeto a mas de seu contorno. O fato do one piece poder ser nomeado e apontado já o distancia do objeto a, e o aproxima de um falo simbólico. Como um objeto que podemos delimitar mas que representa uma falta. O one piece é um mistério, falta saber o que tem dentro disso. Mas a palavra tesouro, dá um certo contorno pra essa falta sem apontar necessariamente o que preenche ela, no caso falos imaginários como uma quantidade x de dinheiro ou fama.


Outro ponto é que o objeto a apesar de poder se deslocar de uma representação pra outra, diz sempre de algo fundamental na relação com o Outro, que remete os primórdios de nossa formação subjetiva. A partir do momento que apontamos uma falta com a fala, já podemos calcular a presença do objeto a. Isso faz dele algo muito mais singular e pessoal que um tesouro de um pirata. Talvez seria possível pensar qual lugar o one piece ocupa na relação com o outro, pra podermos nos aproximar aos primeiros significantes que foram colados no one piece quando cada personagem começou a buscá-lo.


Luffy é orfão e desde pequeno admira os piratas e sonha ser um. Seu Ídolo de infância é Shanks, um pirata habilidoso com uma tripulação também habilidosa. A princípio, Luffy quer fazer parte da tripulação do Shanks que sempre recusava pois dizia que Luffy não estava preparado e era muito novo ainda, mas há uma reviravolta importante na história, quando decide ele próprio recrutar sua própria tripulação e encontrar o one piece, se posicionando como rival do seu ídolo.


Luffy tentava convencer Shanks a recebê-lo em sua tripulação, mostrando que estava preparado. Mas é quando Shanks perde um braço para salvar Luffy de um perigo que, definitivamente não estava preparado pra enfrentar, que vira uma chave. Luffy aceita que não vai poder ir para o mar com Shanks e sai de uma relação de dependência dele para realizar seu sonho.


Nesse momento o One Piece vira um referente do desejo do Luffy e não mais do Shanks. Ainda que possamos pontuar que Shanks sonhava encontrar o One Piece antes do Luffy, é a partir dessa identificação que Luffy constrói seu próprio sonho de modo a abandonar o compromisso com o sonho de Shanks.


Esse é o primeiro ato formal de liberdade, risco e confronto de Luffy com relação ao seu desejo. A liberdade, o risco e o confronto são faces do desejo que Luffy aceita com uma determinação obsessiva.


Se fosse possível especular sobre uma estrutura da personalidade de Luffy, eu diria que se trata de uma neurose obsessiva. Não diria que Luffy sofre de neurose e precisa de um tratamento, mas que sua fantasia fundamental tem estrutura de uma neurose obsessiva. Ela consiste em encontrar o One Piece e se sustenta na medida em que fixa nessa posição de afirmar pra si mesmo que ele tem o que é necessário para conseguir o que quer, e procura esse reconhecimento nas relações com os outros constantemente. Sempre que conhece uma pessoa fala em alto e bom som "Oi, meu nome é Luffy e eu vou ser o rei dos piratas" não importa se é um oficial da marinha ou um pirata perigoso. Assume sua posição em conflitos e se esforça pra fazer sua afirmação valer, mas reconhece que precisa de ajuda e aceita a ajuda se for de livre e espontânea vontade. É assim que recruta os membros do seu bando.


No começo da série ele mostra certa dificuldade em aceitar frustrações, quando se vê não sendo tão capaz assim quanto acreditava ou quando vê sua própria tripulação tendo dificuldades de sustentar essa fantasia onipotente. Mas vai construindo um desenho mais sustentável de sua fantasia e permeável a frustrações ao longo da história de maneira belíssima.


Se quiser assistir algo diferente, o live action tem 8 episódios com 50 minutos de duração em média e consegue transmitir a essência da história, é suficiente pra conhecer alguns personagens principais. Caso desperte seu desejo, a netflix lançou 381 episódios dublados da animação e planeja lançar mais.


Referências


¹ Barbie | Christian Dunker | Desejo em Cena - (https://www.youtube.com/watch?v=Ggkxiv2mn8c). Quadro "desejo em cena" do canal Falando nisso onde Christian dunker comenta filmes e séries com lentes da Psicanálise.

² One Piece resumo disponível na wikipédia (https://pt.wikipedia.org/wiki/One_Piece)

³ Lacan, J. (1960) O Seminário Livro VII A Ética da Psicanálise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar

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